Fibrilação Atrial: arritmia comum e perigosa após os 65 anos
Introdução sobre Fibrilação Atrial
A fibrilação atrial (FA) é uma arritmia cardíaca comum que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, essa arritmia é responsável por afetar cerca de 10% das pessoas acima de 80 anos. É caracterizada por um ritmo cardíaco irregular e rápido, resultante da atividade elétrica anormal no átrio do coração.
É a arritmia mais comum em pessoas com mais de 60 anos e em pessoas com fatores de risco, como Hipertensão Arterial, Doença coronariana, Insuficiência Cardíaca, Diabetes e Obesidade. A FA pode levar a complicações graves, incluindo acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência cardíaca e morte súbita. Neste artigo, discutiremos a FA em detalhes, incluindo suas causas, sintomas, diagnóstico, tratamento e prevenção.
Definição de Fibrilação Atrial
O coração trabalha como uma bomba que recebe e distribui o sangue para todas as regiões do corpo.
O coração tem quatro câmaras, são dois átrio e dois ventrículos. O átrio direito recebe o retorno venoso do sangue do corpo e o esquerdo recebe o sangue oxigenado vindo dos pulmões. Os ventrículos localizados abaixo são as principais cavidades com função de bomba. O ventrículo direito bombeia o sangue para os pulmões, para ser oxigenado e o esquerdo, ejeta o sangue já oxigenado para o corpo inteiro.
Essa bomba é regulada por um sistema elétrico que transmite ao músculo cardíaco o estímulo de contração para ocorrer o batimento. O nódulo sinusal, fica no átrio direito e funciona como marca-passo biologico do coração. De lá sai o estímulo para o coração bater. Esse impulso elétrico atravessa o coração inteiro através do músculo do coração.
Cada impulso elétrico nasce lá no átrio, e essas câmaras se contraem por este estimulo que ajuda o sangue a chegar até o ventrículo e o impulso nos ventrículos, causa uma contração maior, impulsionando o sangue para fora do órgão.
Quando o coração apresenta uma arritmia irregularmente irregular com a FA, quer dizer que o átrio perdeu o comando e apresenta um problema em seu seu sistema elétrico. Ele deixa de apresentar um ritmo regular e passa a bater de maneira desordenada e com frequência cardíaca mais rápida.
Causas da Fibrilação Atrial
Existem várias causas possíveis para a fibrilação atrial. Algumas das causas mais comuns incluem:
- Doença cardíaca subjacente, como doença arterial coronariana, hipertensão arterial, insuficiência cardíaca ou doença valvular cardíaca. Pode exercer pressão indevida sobre o coração e aumentar o risco de fibrilação atrial.
- Cirurgia cardíaca recente – pode danificar o sistema elétrico do coração e causar fibrilação atrial.
- Inflamação do coração (miocardite ou pericardite) – pode danificar o músculo cardíaco , afetando o sistema elétrico do coração e causando fibrilação atrial.
- Anormalidades estruturais no coração, como miocardiopatia ou defeitos congênitos – pode causar problemas no sistema elétrico do coração , levando à fibrilação atrial.
- Hipertireoidismo – Aumento da frequência cardíaca e possível aumento do risco de fibrilação atrial .
- Doença pulmonar Aguda ou Crônica – Causa hipóxia no sangue , que pode levar à fibrilação atrial .
- Diabetes – pode danificar os nervos e vasos sanguíneos e aumentar o risco de fibrilação atrial .
- Abuso de álcool – pode danificar o sistema elétrico do coração e causar fibrilação atrial .
- Uso de estimulantes – Pode aumentar a frequência cardíaca e aumentar o risco de fibrilação atrial .
- Apnéia do sono – pode causar parada respiratória durante o sono, pode afetar o sistema circulatório e aumentar o risco de fibrilação atrial
- Obesidade
- Idade Avançada
- Idiopática (sem uma causa aparente)
Sintomas da Fibrilação Atrial
Os sintomas da fibrilação atrial podem variar de pessoa para pessoa. Alguns pacientes podem não apresentar sintomas, enquanto outros podem ter sintomas graves. Os sintomas mais comuns incluem:
- Palpitações (sensação de batimento cardíaco rápido ou irregular)
- Falta de ar
- Tontura ou vertigem
- Fadiga ou fraqueza
- Dor no peito
- Desmaios ou perda de consciência
Diagnóstico e Classificação da Fibrilação Atrial
O diagnóstico da FA é baseado em um histórico médico completo, exame físico e exames de diagnóstico, como um eletrocardiograma (ECG) e um monitor Holter. Um exame de imagem, como uma ecocardiografia, também pode ser realizado para avaliar o tamanho e a função do coração.
Classificação:
- Fibrilação atrial paroxística é a fibrilação atrial que dura < 1 semana e que se converteu espontaneamente ou por uma intervenção em ritmo sinusal normal. Os episódios podem recidivar.
- Fibrilação atrial persistente é a fibrilação atrial contínua que dura tempo maior que 7 dias.
- Fibrilação atrial permanente é a fibrilação atrial que não temos intenção de tentar a o retorno para o ritmo sinusal. Quanto mais longa a fibrilação atrial, menor é a probabilidade de conversão espontânea e mais difícil é a cardioversão em virtude do remodelamento atrial.
Tratamento da Fibrilação Atrial
O tratamento vai depender da causa, do tipo de FA, dos sintomas, do nível de comprometimento cardíaco e risco de complicações. O tratamento possui três metas:
- Medicamentos para controle da frequência cardíaca (visa reduzir o número de batimentos cardíacos por minuto): betabloqueadores e bloqueadores dos canais de cálcio
- Medicamentos para reverter ao ritmo normal, se possível: antiarrítmicos
- Medicamentos anticoagulantes para prevenir o risco de coágulos sanguíneos e AVC, como: os antagonistas da vitamina K ou novos anticoagulantes orais.
- Procedimentos para restaurar o ritmo cardíaco normal, como cardioversão elétrica ou ablação por cateter
O tratamento farmacológico da FA ainda não é definitivo, os medicamentos disponíveis apenas controlam o problema.
O uso de anticoagulantes na prevenção é imprescindível e deve ser indicado conforme resultado do score CHADS-VASC, em indíviduos masculinos a anticoagulação deve ser considerada com score CHADS-VASC igual 1 e maior ou igual a 2 está indicado anticoagulação. Já em mulheres a anticoagulação é realizada em resultados maior ou igual a 3 e considerada a partir de score igual a 2. A anticoagulação sempre deve ser realizada em pacientes com prótese mecânica ou estenose mitral moderada a importante. A anticoagulação quando for contra-indicada vai depender do score HAS-BLED.
Tabela Score CHADS-VASc
C | Congestão | 1 ponto |
H | Hipertensão Arterial Sistêmica | 1 ponto |
A | Age / Idade maior ou igual 75 anos | 2 pontos |
D | Diabetes Melittus | 1 ponto |
S | Stroke/ AVC (acidente vascular cerebral) e AIT (ataque isquêmico transitório) | 2 pontos |
V | Doença Vascular (Infarto prévio, doença arterial periférica e placa aterosclerótica na Aorta) | 1 ponto |
A | Age / Idade entre 65 e 74 anos | 1 ponto |
S | sexo feminino | 1 ponto |
Tabela Score HAS-BLED
H | Hipertensão Arterial Sistêmica | 1 ponto |
A | Alteração hepática ou renal | 1 ponto |
S | Stroke/ AVC (acidente vascular cerebral) | 1 ponto |
B | Bleeding / Sangramento prévio ou predisposição a sangramentos | 1 ponto |
L | Labilidade na razão normalizada internacional (INR) | 1 ponto |
E | Elderly / Idosos (Idade maior que 65 anos) | 1 ponto |
D | Drogas que interfiram com Varfarina ou uso de Álcool | 1 ponto cada |
A técnica de ablação por catéter tem evoluído muito e cada vez apresenta menos complicações. Ainda falta muito para esse ser o tratamento padrão da FA, mas em muitos casos já tem sua indicação como primeira escolha.
Prevenção : Fibrilação Atrial
A prevenção da FA inclui a manutenção de um estilo de vida saudável, incluindo exercícios regulares, uma dieta saudável e a manutenção de um peso saudável. O controle de doenças crônicas, como hipertensão, diabetes e apneia do sono, também pode ajudar a prevenir a FA.
Fatores de risco cardiovasculares modificáveis que podem prevenir mais da metade dos casos de FA:
- Hipertensão Arterial (pressão alta)
- Tabagismo
- Diabetes
- Obesidade
- Alcoolismo
Conclusão : Fibrilação Atrial
Fibrilação atrial é uma arritmia com potencial de causar vários problemas graves como AVC, isquemia mesentérica, oclusão arterial periférica aguda e insuficiência cardíaca, portanto se faz necessário ter um diagnóstico precoce e o devido tratamento o mais rápido possível.
Existem fatores de risco imutáveis como idade avançada (condição que aumenta muito a incidência), porém há fatores de risco modificáveis (pressão alta, diabetes, obesidade, alcoolismo, tabagismo, sedentarismo, consumo abusivo de ultraprocessados energéticos e estimulantes e estresse não gerenciado) que não podem ser negligenciados.
A opção tratamento empregado (controle de frequência Vs controle de ritmo) vai depender do tipo do tempo de arritmia, se menor que 48 horas, esta pode ser tratada com intuito de mudança de ritmo por tratamento medicamentoso com droga antiarrítmica classe III ou com choque sincronizado pós sedoanalgesia.
A prevenção secundária de eventos tromboembólicos com medicamentos anticoagulantes vai depender principalmente da idade, se o paciente em questão já teve algum evento cerebrovascular (AVC ou AIT) e algum dos outros fatores de risco (exemplo: Pressão Alta, Insuficiência cardíaca, diabetes).
O controle da frequência cardíaca pode ser feito com o uso de fármacos cronotrópicos negativos como os beta-bloqueadores e os bloqueadores dos canais de cálcio não di-hidropiridínicos.
Importante que o paciente mantenha acompanhamento e tratamento conforme orientação de seu cardiologista.
Dr Bruno de Alvarenga é médico especialista no tratamento de Fibrilação Atrial.
O Dr. Bruno de Alvarenga é cardiologista e clínico geral e exerce abordagem funcional integrativa nas suas consultas, avaliando o paciente como um indivíduo único e propondo estratégias clínicas para cada necessidade/objetivo.
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