Dr. Bruno de Alvarenga

Jejum Intermitente: Uma Revisão de Literatura Médica sobre um Santo Remédio

Definição de Jejum Intermitente

O jejum intermitente, uma estratégia de restrição alimentar praticada há milhares de anos, consiste em momentos discretos de privação alimentar acompanhados de períodos de ingestão de alimentos ao longo de uma semana. Existem vários protocolos de jejum intermitente, mas a maioria envolve uma janela de alimentação diária de 4 a 8 horas, seguida por um período de jejum de 16 a 20 horas.

O jejum intermitente pode ser feito de forma diária ou semanal e tem sido estudado por seus potenciais benefícios para a perda de peso, saúde metabólica e longevidade. No entanto, é importante lembrar que o jejum intermitente não é adequado para todas as pessoas e deve ser feito sob orientação médica e nutricional.

Introdução à popularidade crescente do Jejum Intermitente

O jejum intermitente tem ganhado popularidade nos últimos anos como uma abordagem eficaz para perda de peso e melhora da saúde metabólica. Uma das razões para isso é que o jejum intermitente não exige restrições alimentares específicas, mas sim uma janela de tempo em que a pessoa consome suas refeições. Isso significa que não é necessário contar calorias ou evitar alimentos específicos, tornando o jejum intermitente uma opção mais fácil de ser seguida em comparação a outras dietas restritivas.

Além disso, estudos científicos têm demonstrado que o jejum intermitente pode ter benefícios significativos para a saúde. Por exemplo, um estudo de revisão de 2019 publicado na revista The New England Journal of Medicine mostrou que o jejum intermitente pode levar à perda de peso, reduzir o risco de doenças crônicas como diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares, além de melhorar a função cerebral e aumentar a longevidade.

A popularidade do jejum intermitente também é impulsionada pela sua flexibilidade e adaptabilidade.

Existem vários protocolos de jejum intermitente, incluindo:

  • jejum de 16/8
  • jejum de 24 horas
  • jejum alternado
  • jejum de 5:2

 

E desta forma permitindo que as pessoas escolham o protocolo que melhor se adapta às suas necessidades e estilo de vida.

No entanto, é importante ressaltar que o jejum intermitente não é uma abordagem adequada para todas as pessoas. Pessoas com histórico de transtornos alimentares, mulheres grávidas ou lactantes e indivíduos com certas condições de saúde devem consultar um médico antes de iniciar o jejum intermitente. Além disso, é importante lembrar que o sucesso do jejum intermitente depende de uma alimentação saudável e equilibrada durante as janelas de alimentação.

Mecanismos de ação do Jejum Intermitente na Regulação hormonal do metabolismo energético

O jejum intermitente é uma abordagem alimentar que tem sido cada vez mais utilizada para promover a perda de peso e melhorar a saúde metabólica. Um dos mecanismos pelos quais o jejum intermitente pode exercer seus efeitos benéficos é a regulação hormonal do metabolismo energético.

Durante o jejum, o corpo passa por uma série de adaptações metabólicas para manter a homeostase energética. A principal fonte de energia durante o jejum é a gordura corporal armazenada, que é mobilizada e oxidada para gerar energia para as células. Essa mudança do metabolismo energético é regulada por um conjunto de hormônios que são afetados pelo jejum intermitente.

Um dos principais hormônios envolvidos na regulação do metabolismo energético durante o jejum é o hormônio do crescimento (GH). Durante o jejum, os níveis de GH aumentam, o que promove a quebra de gordura corporal e a produção de corpos cetônicos, que são utilizados como fonte de energia pelas células. O aumento do GH também pode melhorar a sensibilidade à insulina e reduzir a inflamação.

Outro hormônio importante na regulação do metabolismo energético durante o jejum é a insulina. Durante o jejum, os níveis de insulina diminuem, o que ajuda a reduzir a resistência à insulina e melhorar o controle glicêmico. Além disso, a redução da insulina durante o jejum pode melhorar a oxidação da gordura e a utilização de corpos cetônicos como fonte de energia.

Além do GH e da insulina, outros hormônios que são afetados pelo jejum intermitente incluem o glucagon, a adiponectina e o grelina. O glucagon é responsável por estimular a quebra de glicogênio e a produção de glicose pelo fígado durante o jejum, enquanto a adiponectina está envolvida na regulação da sensibilidade à insulina e na redução da inflamação. A grelina, por sua vez, é um hormônio da fome que pode ser afetado pelo jejum intermitente, reduzindo a sensação de fome e ajudando a controlar a ingestão alimentar.

Em resumo, o jejum intermitente pode exercer seus efeitos benéficos na regulação hormonal do metabolismo energético, promovendo a quebra de gordura corporal, a produção de corpos cetônicos e a melhora da sensibilidade à insulina. Esses efeitos podem contribuir para a perda de peso, melhora do controle glicêmico e redução do risco de doenças crônicas como diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.

Mecanismo de ação do Jejum Intermitente na Resposta inflamatória e antioxidante

O jejum intermitente é uma estratégia alimentar que tem se mostrado muito promissora para a melhora da saúde metabólica e prevenção de doenças crônicas. Além dos seus efeitos na regulação hormonal do metabolismo energético, o jejum intermitente também pode ter impactos significativos na resposta inflamatória e antioxidante do organismo.

A inflamação é uma resposta natural do sistema imunológico a agressões externas, como infecções e lesões. No entanto, quando essa resposta se torna crônica, pode contribuir para o desenvolvimento de diversas doenças, incluindo diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e câncer.

Estudos têm demonstrado que o jejum intermitente pode reduzir a inflamação crônica, o que pode ser explicado por vários mecanismos:

  • Redução do estresse oxidativo: Durante o jejum, as células do organismo aumentam a produção de enzimas antioxidantes, que protegem contra os danos oxidativos causados pelos radicais livres. Além disso, o jejum intermitente também pode reduzir a produção de espécies reativas de oxigênio, que contribuem para o estresse oxidativo e a inflamação crônica.
  • Resposta anti-inflamatória: Reduzir a inflamação através da regulação da via inflamatória NF-kB. Esta via está envolvida na ativação de genes responsáveis pela produção de citocinas pró-inflamatórias, e o jejum intermitente pode reduzir a atividade do NF-kB, o que leva à redução da inflamação.

 

Além disso, o jejum intermitente também pode ter efeitos positivos sobre a microbiota intestinal, que tem um papel importante na regulação do sistema imunológico e inflamatório. Estudos têm demonstrado que o jejum intermitente pode aumentar a diversidade da microbiota intestinal, o que pode contribuir para a redução da inflamação.

Em resumo, o jejum intermitente pode ter efeitos significativos na resposta inflamatória e antioxidante do organismo, o que pode contribuir para a prevenção de doenças crônicas. No entanto, é importante lembrar que o jejum intermitente não é adequado para todas as pessoas e que é fundamental buscar orientação médica e nutricional antes de iniciar esse tipo de abordagem alimentar.

Mecanismo de ação do Jejum Intermitente e seus efeitos sobre a microbiota intestinal

O jejum intermitente é uma prática alimentar que envolve períodos de restrição calorias alternados com períodos de alimentação normal. Embora os efeitos do jejum intermitente na perda de peso e na saúde metabólica tenham sido amplamente estudados, seus mecanismos de ação ainda não estão completamente esclarecidos. No entanto, sabe-se que o jejum intermitente pode afetar diversos sistemas do organismo, incluindo a regulação hormonal do metabolismo energético, a resposta inflamatória e antioxidante e a microbiota intestinal.

A microbiota intestinal é um conjunto de microorganismos que habitam o trato gastrointestinal e desempenham funções importantes na saúde humana. O desequilíbrio da microbiota intestinal tem sido associado a uma série de doenças, incluindo obesidade, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e até mesmo distúrbios neuropsiquiátricos.

O jejum intermitente pode afetar positivamente a microbiota intestinal por meio de vários mecanismos. Em primeiro lugar, o jejum intermitente pode aumentar a diversidade bacteriana no intestino, o que pode levar a uma melhoria da saúde intestinal. Além disso, o jejum intermitente pode reduzir o número de bactérias patogênicas no intestino, reduzindo assim o risco de doenças.

Outro mecanismo pelo qual o jejum intermitente pode afetar a microbiota intestinal é por meio da regulação do sistema imunológico. Durante o jejum, o corpo passa por um processo de autofagia, no qual as células danificadas ou envelhecidas são degradadas e recicladas. Esse processo pode reduzir a inflamação sistêmica e melhorar a resposta imunológica do organismo, o que pode beneficiar a saúde intestinal.

Finalmente, o jejum intermitente também pode aumentar a produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) no intestino. Os AGCC são produzidos pelas bactérias intestinais e têm sido associados a uma série de benefícios para a saúde, incluindo a regulação do apetite, a melhoria do controle glicêmico e a redução da inflamação sistêmica.

Em conclusão, o jejum intermitente pode afetar positivamente a microbiota intestinal por meio de vários mecanismos, incluindo o aumento da diversidade bacteriana, a redução de bactérias patogênicas, a regulação do sistema imunológico e a produção de AGCC. No entanto, é importante lembrar que o jejum intermitente pode não ser adequado para todas as pessoas e que deve ser praticado com orientação médica e nutricional adequada.

Benefícios do jejum intermitente

O jejum intermitente é uma prática alimentar que consiste em períodos de restrição de calorias alternados com períodos de alimentação normal.

Essa abordagem alimentar tem ganhado popularidade recentemente devido aos seus possíveis benefícios para a saúde. Neste artigo, vamos explorar alguns desses benefícios do jejum intermitente.

  1. Perda de peso e gordura corporal: Uma das razões pelas quais o jejum intermitente tem sido tão popular é porque muitas pessoas têm relatado sucesso na perda de peso e redução da gordura corporal com essa abordagem alimentar. Isso ocorre porque o jejum intermitente pode reduzir a ingestão calórica total ao longo do dia e estimular a queima de gordura para obter energia.
  2. Melhora da resistência à insulina e controle glicêmico: O jejum intermitente também pode melhorar a resistência à insulina e o controle glicêmico, o que é particularmente importante para pessoas com diabetes ou pré-Diabetes. O período de jejum pode aumentar a sensibilidade à insulina e melhorar a regulação da glicose no sangue.
  3. Redução do risco de doenças crônicas: Estudos mostram que o jejum intermitente pode reduzir o risco de várias doenças crônicas, incluindo diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e câncer. Isso ocorre porque o jejum intermitente pode ajudar a reduzir a inflamação, melhorar a função metabólica e reduzir os níveis de fatores de crescimento que estão associados ao desenvolvimento de câncer.
  4. Melhora da função cerebral e cognitiva: O jejum intermitente também pode melhorar a função cerebral e cognitiva. Isso ocorre porque o jejum intermitente pode aumentar a produção de proteínas cerebrais que promovem a sobrevivência de neurônios e melhoram a comunicação entre eles.
  5. Potencial aumento da longevidade: Estudos em animais mostraram que o jejum intermitente pode aumentar a longevidade. Isso ocorre porque o jejum intermitente pode ajudar a reduzir o estresse oxidativo e a inflamação, que são fatores que contribuem para o envelhecimento.

 

Em conclusão, o jejum intermitente pode ter muitos benefícios para a saúde, incluindo perda de peso e gordura corporal, melhora da resistência à insulina e controle glicêmico, redução do risco de doenças crônicas, melhora da função cerebral e cognitiva e potencial aumento da longevidade. No entanto, é importante lembrar que o jejum intermitente não é para todos e deve ser abordado com cautela e orientação médica.

Protocolos de jejum intermitente

Existem vários protocolos de jejum intermitente, cada um com sua própria abordagem, fundamentos e benefícios. Aqui estão alguns dos protocolos mais populares:

  1. Jejum de 16/8 – Este é um dos protocolos mais comuns de jejum intermitente, também conhecido como “protocolo Leangains”. Neste método, você come durante uma janela de oito horas e jejua durante as 16 horas restantes do dia. Por exemplo, você pode decidir comer das 12h às 20h e jejuar das 20h às 12h do dia seguinte.
  2. Jejum de 24 horas – Este protocolo envolve jejuar completamente por um período de 24 horas, uma ou duas vezes por semana. Por exemplo, você pode optar por jejuar desde o jantar de uma noite até o jantar da noite seguinte.
  3. Jejum alternado – Neste protocolo, você alterna entre dias de jejum e dias de alimentação normal. Nos dias de jejum, você pode escolher consumir apenas 25% de suas necessidades calóricas normais ou fazer um jejum completo.
  4. Jejum de 5:2 – Este método envolve comer normalmente durante cinco dias da semana e restringir a ingestão calórica a 500-600 calorias nos dois dias restantes. Nos dias de restrição calórica, recomenda-se dividir a ingestão calórica em duas refeições menores.

 

Qual protocolo escolher depende de suas preferências pessoais e estilo de vida. É importante ressaltar que não há um protocolo “certo” ou “errado”. O que importa é encontrar um método que funcione para você e que você possa seguir de maneira consistente e sustentável. É sempre aconselhável consultar um médico antes de iniciar qualquer protocolo de jejum intermitente.

Efeitos adversos e precauções : Jejum Intermitente

O jejum intermitente é uma abordagem que vem se tornando mais popular quando se tem objetivo de perder de peso e melhorar a saúde metabólica.

No entanto, assim como qualquer intervenção alimentar, há algumas preocupações e possíveis efeitos adversos a serem considerados:

  • Hipoglicemia: Uma das preocupações mais comuns é a hipoglicemia, que ocorre quando os níveis de açúcar no sangue caem abaixo do normal. Isso pode levar a sintomas como tonturas, fraqueza, fome, sudorese e, em casos extremos, convulsões e coma. Para evitar a hipoglicemia, é importante que as pessoas comam alimentos ricos em nutrientes e carboidratos complexos durante as refeições. Além disso, é importante monitorar os níveis de açúcar no sangue durante o jejum, especialmente em pessoas com diabetes ou outras condições metabólicas.
  • Fadiga e tonturas: Algumas pessoas relatam sentir fadiga e tonturas durante o jejum intermitente, especialmente no início. Isso pode ser devido à redução da ingestão calórica ou a uma mudança na fonte de energia do corpo, de carboidratos para gorduras. Para minimizar esses sintomas, é importante beber bastante água e consumir eletrólitos, como sódio, potássio e magnésio. Além disso, é importante começar o jejum intermitente gradualmente e aumentar a duração do jejum ao longo do tempo, à medida que o corpo se adapta.
  • Efeitos sobre a fertilidade e saúde reprodutiva: Algumas pesquisas sugerem que o jejum intermitente pode afetar a fertilidade e a saúde reprodutiva em mulheres. Por exemplo, um estudo em ratos descobriu que o jejum intermitente reduziu a ovulação e a fertilidade. Além disso, o jejum intermitente pode afetar os níveis hormonais, incluindo os níveis de estrogênio, progesterona e testosterona, que são importantes para a fertilidade e a saúde reprodutiva. Portanto, é importante que as mulheres que estão tentando engravidar ou que têm problemas de fertilidade falem com um médico antes de iniciar o jejum intermitente.
  • Contraindicações: O jejum intermitente não é adequado para todos. Pessoas com diabetes, distúrbios alimentares, doenças renais ou hepáticas, grávidas e lactantes devem evitar o jejum intermitente ou falar com um médico antes de tentar. Além disso, crianças e adolescentes ainda estão em desenvolvimento e têm necessidades nutricionais específicas, então o jejum intermitente não é recomendado para esses grupos etários.

 

Em resumo, o jejum intermitente é uma abordagem promissora para a perda de peso e melhora da saúde metabólica. No entanto, é importante ter em mente as possíveis preocupações e efeitos adversos, e sempre falar com um médico antes de iniciar o jejum intermitente ou qualquer intervenção alimentar.

Imagem representando período de jejum intermitente e janela alimentar

Considerações finais : Jejum Intermitente

O jejum intermitente é uma abordagem promissora para a perda de peso e melhora da saúde metabólica. Embora haja evidências crescentes sobre seus benefícios, é importante ressaltar a importância da orientação médica e nutricional para implementação segura do jejum intermitente. É fundamental que indivíduos com condições médicas preexistentes, como diabetes, hipertensão arterial e distúrbios alimentares, consultem seus médicos antes de iniciar o jejum intermitente. Além disso, indivíduos que apresentam sintomas adversos, como hipoglicemia, fadiga e tonturas, devem interromper o jejum e procurar assistência médica.

Em suma, o jejum intermitente é uma abordagem dietética que pode beneficiar a saúde e o bem-estar, mas requer atenção e cuidado na sua implementação. É importante enfatizar que o jejum intermitente não é uma solução mágica para a perda de peso ou para a melhora da saúde, e deve ser usado em conjunto com uma dieta equilibrada e um estilo de vida saudável. Portanto, indivíduos que consideram o jejum intermitente devem discutir com seu médico ou nutricionista se essa abordagem é adequada para sua saúde e objetivos pessoais.

Referências Científicas:

  1. Patterson RE, Sears DD. Metabolic Effects of Intermittent Fasting. Annu Rev Nutr. 2017 Aug 21;37:371-393. doi: 10.1146/annurev-nutr-071816-064634. Epub 2017 Jul 17. PMID: 28715993.
  2. Longo VD, Mattson MP. Fasting: molecular mechanisms and clinical applications. Cell Metab. 2014 Feb 4;19(2):181-92. doi: 10.1016/j.cmet.2013.12.008. PMID: 24506878; PMCID: PMC3946160.
  3. Harvie MN, Howell T. Could intermittent energy restriction and intermittent fasting reduce rates of cancer in obese, overweight, and normal-weight subjects? A summary of evidence. Adv Nutr. 2016 Sep 15;7(5):690-705. doi: 10.3945/an.115.011767. PMID: 27633112; PMCID: PMC5015035.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *